Os velhos lírios dos campos estão morrendo

As pétalas caem, as folhas murcham. Perdem o seu brilho e se põem à vontade do tempo, para que simplesmente encerrem a dura missão de, com a cor da pureza, decorar os campos já prontos para a colheita.
São representantes da perfeição divina; são o desenho íntimo de um artista sem traumas.
São esses lírios, dedicados uns aos outros,  os maiores representantes da perfeita vestimenta natural, onde, nem mesmo o mais agraciado dos filhos de mulher, em seu maior resplendor, nunca conseguira equiparar-se. Nunca abandonam o seu doce e zeloso destino, esse, de cuidar, de sofrer, de amar desesperadamente a missão de decorar o campo pronto para a colheita.
Não! O brilho não acabou. As folhas não estão caindo, tampouco os espinhos sobressaem-se às pétalas. Apenas estão encerrando sua estadia nesse palco inexplicável de um ato passageiro de uma peça, do mais ovacionado dos autores.
Estão aposentando, mas não descuidando da missão. Estão dando lugar aos novos botões espalhados nos vastos campos, já dito antes, prontos para a colheita.

Iratuã Júnior
2008 – Sobre os missionários...

Comentários

Unknown disse…
Grande escritor contemporâneo!

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