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Mostrando postagens de setembro, 2010

Existo

- Noto a forma como me olha, Drª Muriel. Noto o total desprezo no qual os seus olhos estão totalmente mergulhados ao analisar a minha inexistência. Sim, eu sei que sou complexo o bastante para travar sua mente, o que é perfeitamente compreensível, pelo menos para mim. Há muito me afastei do que me tornava humano, por assim dizer. Mas pensando melhor, creio que aquilo que me ligava à humanidade resolveu me abandonar. Não adianta tentar esconder o espanto, Drª, sei que não sou algo que você está acostumada a registrar em seus relatórios. Não precisa temer. Você está completamente segura, não por causa do invólucro no qual estou contido, mas por que não tenho interesse em poupá-la dessa vida patética que vocês, humanos, levam; acordando sempre na mesma faixa de horário, mantendo uma rotina doentia com a simples e única justificativa de receber uma quantia qualquer para poder pagar por aquilo de que não precisam realmente. - Drª Muriel, sabia que nem sempre fui assim? - Conte-me, senhor.

Breve análise

Dizem que toda matéria foi formada de um único ponto super-concentrado, de forma que em algum momento esse ponto não pôde mais conter-se e explodiu em um movimento caótico gerando nuvens e mais nuvens de partículas em suspensão. Essas partículas começaram a conhecer os efeitos das leis da natureza, até então inexistentes, e começaram a atrairem-se mutuamente. Então um balé gracioso de matéria varreu os céus e as enormes faixas da ausencia de algo. Mas esse não é o ponto. Não sou astro-físico, sou um livre-pensador e nada mais que isso. Mas dizem também que a menor porção de matéria consegue guardar as características da criação, tendo uma unidade com o todo. Dessa forma, levante os teus olhos para os céus e veja o quão grande é. Isso é apenas a mínima porção, insignificante do todo, e ainda assim, a menor das porções de matéria tem todas as características do todo. Douglas Adams em sua obra maior, O Mochileiro das Galáxias, citou tal pensamento da seguinte forma: É possível extrapola

Sim, poderia

Tocar toda a extensão do teu corpo Sentir o gosto do mel de seus lábios Sedento por desvendar todos os seus desejos Em fazer desabrochar essa rosa, selvagem Doce desejo em despudorar-te por inteiro Em mostrar-te que o corpo anseia por algo mais Em mostrar-te além do que imagina haver Eu poderia te mostrar as estrejas, o céu Sim, poderia Percorreria todo o teu corpo com os meus lábios Te olharia nos olhos, te consumiria por inteiro Exploraria todas as tuas taras Até mesmo as que você nem imagina ter Percorreria teu corpo com as pontas dos meus dedos Sentiria a textura da tua pele Olhando nos teus olhos, acariciaria-te por inteiro Sussuraria no teu ouvido coisas que nem imagina gostar Sim, poderia Te mostraria o que é o desejo Ao ponto de implorar que pare Quando a única coisa que deseja é chegar ao final Sim, poderia Misturar nossos corpos Formando um emaranhado de desejo Quebrando todos os teus medos, traumas Noção de tempo ou pudor Sim, poderia