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Mostrando postagens de março, 2010

Eu Sou

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Minha voz ecôa pelos quatro ventos Sinto frio de um deserto gélido Não vejo nada Mesmo sob o sol apontando o zênite Minha voz rasga o meu peito Mas nenhum som é notado Nada há à minha volta Nada há em minha vida Que me faça parar para pensar Se em algum momento isso passará É assim que tenho vivido! Sofrendo com os meus vários surtos de solidão Me perguntando onde, como alcanço a Graça Que escuto tantos sábios guerreiros Proclamarem que é liberada sob as Tuas mãos Onde encontro o teu agrado? Onde encontro os teus braços? Onde? Se a única luz que vejo é escura como o nada! Onde escuto a tua voz? Onde sinto o teu calor? Não ha nada nesse mundo que lembre o amor.... Meu filho, onde estavas quando Eu te gerei? Onde estavas quando, á punho, escrevi a tuas linhas? Tua grandeza nada é perto do meu nada Teu clamor é como brasa acendendo o meu amor por ti Eis que em fogo te forjei Mas não como a prata Te forjei na fornalha da aflição Para a minha glória, somente p

Lucidez

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Me pego em um sonho Tudo era tão lindo, tão azul Tudo era paz, amor As pessoas não viviam em brigas Muito menos em seus mundos fechados Egocêntricos dotados da mais alta arrogância Me pego em um sonho E nele eu posso voar A sensação é boa Nunca havia sentido os ventos Não daquela forma Desfrutei cada raio de sol ou brisa Vivi intensamente aqueles momentos Eu tinha asas Me pego em um sonho E lá estão os meus filhos Me pego em um sonho E lá você está linda Exatamente da mesma forma Que você sempre foi Me pego em um sonho E somos uma família Eu, você e os meninos Me pego em um sonho Somos seres lindos e alados Lindos... Me pego em um sonho Meu medo já não existe Me pego em um sonho Já acordando vejo Há cicatrizes em meu dorso Às lágrimas lamento a sensatez Não foi um sonho A viagem acabou Chorei como nunca Presenciei sua vida Mesmo tendo passado tanto tempo Desde o dia em que você me deixou Gostaria muito de poder te ver A você, aos meus filhos A no

Caminhada junto ao mar

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Ando tão só ultimamente Ando tão triste, tão frio Ando pensando sobre tudo Vendo que já não sou apenas um Sou vários Vejo que já não tenho futuro O passado já passou E eu continuo vivendo tudo Como se tudo fosse nada Sei quem mente e ilude E sei que olhos me visam Sei a verdadeira mentira Sei que acho que não sei Ando só no caminho largo Onde as mentiras se materializam Onde o medo toma forma Ando muito à vontade Sei que fui enganado Durante muito tempo Vivi de mentiras mil Fui cotado como mentiroso Mas para mim pouco importa O passado, como disse, já passou Mesmo assim eu continuo Procurando um lugar para os meus eus Olhos me cercam Me olham Sinto medo Sinto prazer Sou um tolo sensível Vivendo entre os cruéis desta época Um rato ante um gato Medo Os ventos sopram A vida sempre continua Mas disso tudo nada importa Somente eu e, quem sabe, você

Regras

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meu olhar foge em direção ao horizonte tênue linha divisora da genialidade e loucura como faço para registrar seguindo as métricas? regras hipócritas e fúteis de valores estéticos assim vou escrevendo sem regras ou ritmo hora agressivo, hora verdadeiro amante das linhas assim vou vivendo sem me prostituir com a moda sem ser um escravo consumista modista enfático do mais puro enlatado essa é a minha vida as cortinas estão sempre abertas mais uma vez podemos conferir o que podemos construir com as letras o simples levar da sedução letras guiadas por caminhos perigosos audaciosos sentimentos sendo sondados em direção ao seu doce coração essa é a minha vida sem regras ou métricas sem futilidades passageiras mas com estilo e pureza assim vou vivendo em uma estrada encantada mas em um mundo real que por mais absurdo que seja é sim, totalmente real assim vou remando em um riacho profundo sem definição de vento vivendo os meus sentimentos assim vou corre

Doce dama, mas não tão, quando se quer

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O quanto posso me deleitar nas tuas suaves curvas És uma dama, insaciável Podes ser extremamente singela Ao passo que podes assumir postura agressiva Ao ponto de devastar qualquer matéria Seja sonho, seja real Não importa a composição É da tua natureza ser indecifrável Não precisas ser demasiadamente veloz em seus movimentos Os teus ciclos são os mais perfeitos Teu doce balancear Tua voz, tua pulsação Encanta, faz dormir Mas, também, arrasa, destrói É da tua natureza ser incontrolável Não precisas ser demasiadamente educada Teus impulsos são o que mais me seduz São teus pulos, pulsos Teu coração desordenado Teus braços pendentes Teu fôlego golpeando meu juízo Repito, insisto, não sejas demasiadamente educada Podes ser vulgar, como os eruditos chamam Podes ser suave, primitiva Ao ponto de despertar as mais escondidas das emoções Podes ser milimetricamente marcada, trabalhada, mas não precisa Como podes ser totalmente espontânea, como um grito Explodindo em

Os velhos lírios dos campos estão morrendo

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As pétalas caem, as folhas murcham. Perdem o seu brilho e se põem à vontade do tempo, para que simplesmente encerrem a dura missão de, com a cor da pureza, decorar os campos já prontos para a colheita. São representantes da perfeição divina; são o desenho íntimo de um artista sem traumas. São esses lírios, dedicados uns aos outros,  os maiores representantes da perfeita vestimenta natural, onde, nem mesmo o mais agraciado dos filhos de mulher, em seu maior resplendor, nunca conseguira equiparar-se. Nunca abandonam o seu doce e zeloso destino, esse, de cuidar, de sofrer, de amar desesperadamente a missão de decorar o campo pronto para a colheita. Não! O brilho não acabou. As folhas não estão caindo, tampouco os espinhos sobressaem-se às pétalas. Apenas estão encerrando sua estadia nesse palco inexplicável de um ato passageiro de uma peça, do mais ovacionado dos autores. Estão aposentando, mas não descuidando da missão. Estão dando lugar aos novos botões espalhados nos vastos campos,

Condenação

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Meu corpo está desgastado. Como um arame retorcido pelo trabalho do tempo, corroído pela maresia, ressequido pelo sol. Sem água, sem descanso, como algo deixado para que o tempo o consumisse por completo. Consumido por completo! Assim me sinto hoje. Mas nem sempre fui assim. Houve época, há muito tempo, em que a juventude corria à solta em minhas veias. Onde eu pudera fazer tudo, revolucionar com minhas idéias, aprender com aqueles cuja sabedoria de outrora hoje nem em relatos residem; pudera me sentar quando estivesse cansado (enquanto hoje me canso pelo simples fato de descansar). Que bons tempos aqueles cuja lembrança me vem à mente como imagens refletidas por espelhos em que a prata de tão embaçada, marcada pela ferrugem, mal consegue definir as formas de algo que não voltaria. A simples espera do ‘por vir’ me cansa e consome todo o tempo, que parece se arrastar quando não se pode fazer nada. A maior parte do tempo eu passo deitado, reclinado em uma cadeira, só, sem falar com um